terça-feira, 1 de novembro de 2016

Vitória eleitoral, mas não uma vitória política!

Na eleição do segundo turno, dos 247.770 eleitores chamados a decidir a sucessão do governo Jairo Jorge e Beth Colombo, 33,5% desses se omitiram de fazê-lo. Foram 83.120 pessoas que se abstiveram desta obrigação cidadã, ou votaram em branco ou anularam seu direito de escolha. Este quadro foi ainda maior no primeiro turno, onde 90.635 eleitores optaram por não escolher nenhum candidato, alcançando os 36,6% dos aptos a votar.
A grosso modo, esse cenário acrescido do votos de Busato com 84.387 e de Beth Combo com 80.263, nos revela que de cada três eleitores, um se omitiu, um votou na Beth e um votou em Busato. Existiu sim, e temos que democraticamente reconhecer isso, uma vitória eleitoral por parte de Busato no segundo turno, assim como no primeiro turno tivemos com Beth Colombo. Mas, não se pode dizer que foi uma vitória eleitoral plena, muito menos, uma vitória política!
A campanha eleitoral de segundo turno da candidata Beth Colombo foi pautada de forma propositiva, basta ver o conjunto de materiais distribuídos na cidade e as seguidas falas ouvidas nos carros de som. Além de propor a continuidade de todas as políticas públicas municipais, foram apresentados os Centros de Especialidades Médicas nos 4 quadrantes da cidade, o Aeromóvel, os Tablets nas EMEFs, a Guarda Municipal armada, dentre as 10 propostas inovadoras do Bloco do Orgulho Municipal (BOM).
A campanha do Busato não primou por proposições, mas em uma permanente ladainha "Fora PT", anunciada de forma interrupta nos carros de som e gravada em panfletos ou até mesmo no panfleto mor denominado "O Timoneiro", distribuído gratuitamente nas residências e nas sinaleiras. Esse mantra foi desdobrado em difamações pessoais em relação à oponente, mentiras grafadas de que a Beth seria cassada caso vencesse e, inclusive, em artimanhas como em uma fala do prefeito Jairo Jorge em apoio ao Busato, para confundir ainda mais o quadro eleitoral. Esse quadro eleitoral jogou a candidatura Beth Colombo em permanente defensiva no imaginário dos canoenses, apesar de todo o esforço realizado pela militância em criar um quadro de disputa de projetos: garantia das conquistas com continuidade das mudança x volta ao passado de poucas realizações.
Sem contar com a parcialização do Poder Judiciário e do Ministério Público eleitorais em dar legitimidade às ações e aos materiais do oponente, em detrimento às nossas iniciativas. As inúmeras táticas da estratégia "Fora Beth, Fora PT", como que passavam ao largo da credibilidade do prefeito Jairo Jorge e suas reconhecidas realizações para desidratarem a Beth Colombo como sucessora natural da continuidade deste projeto. Esses elementos criaram um quadro eleitoral atípico que permitiu diminuir o potencial político em creditar votos para Beth. Permitiu, sim, carrear votos de desinformados para o oponente. Porém, possibilitou uma imensa extensão de cidadãos confusos a optarem pela omissão!
Enfim, estas questões somadas ao quadro mais amplo de descrédito da política com a criminalização do PT e a revelação abundante e seguida de atos de corrupção na esfera federal, auxiliaram em fazer com que os cidadãos não estivessem participando/omitindo de um processo de escolha por uma pauta política de propostas e projetos, mas sim em uma espécie de "grenalização eleitoral".
Eu como vereador, agora de oposição, tenho a tarefa de fiscalizar o executivo e continuar a articular demandas sociais. Essas últimas, ainda não sabemos como irão ficar no quadro de gestão pública governamental, pois não se apresentou no período da campanha eleitoral.

Um comentário:

  1. Ótima análise do vereador e professor Ivo Fiorotti, demonstrando que em cada três eleitores canoenses, um se recusou a ajudar escolher o prefeito da cidade. O candidato vencedor do pleito teve a aprovação de apenas 1/3 dos eleitores, tendo contrários seus os demais 2/3. O futuro prefeito de Canoas não obteve legitimidade política com essa eleição. Sua vitória foi apenas eleitoral. Por outro lado, podemos dizer que a vitória e legitimidade política continua sendo do atual prefeito, Jairo Jorge, que mantém alto índice de aprovação de seu governo.

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