Aletéia

E A VERDADE: ALETÉIA

ἀλήθεια

Alétheia (em grego antigo, ἀλήθεια: "verdade", no sentido de desvelamento: de "a", "negação", e "lethe" "esquecimento"), para os antigos gregos, designava verdade e realidade, simultaneamente (pt.wikipedia.org)
O vereador Ivo Fiorotti iniciou em 2011, na sua coluna no Jornal da Mathias, uma sequência de textos com brevíssimas reflexões filosóficas, abordando sobre como os mais importantes pensadores da humanidade compreenderam a verdade dos eventos sociais, ou seja, a busca e o encontro da verdade!


Nº.36
O BEM COMUM PODE CONSTESTAR O PODER!
Aletéia, por fim, indaga-me com uma das questões mais caras da herança cristã, ou seja, a capacidade de conversão do cidadão errante, que quando cai em si retoma o caminho do mestre nazareno. Fala-me que ficou marcada com o filme “Irmão Sol, Irmã Lua”, onde o jovem Francisco Bernardone, abandona sua vida de herói cavaleiro em festas e luxúria, para tornar-se “missionário pobre entre os pobres, irmão do universo”, com certeza, um dos maiores símbolos de conversão do século XIII até os dias atuais.
“A vida livre na busca do bem comum, na vida do ‘Chico de Assis’, pode contestar o poder do dinheiro e dos príncipes e dos papas?” Aletéia estava me oportunizando retomar minhas raízes espirituais. Relembrei a trajetória de João Pedro Bernardone (1182-1226), que se despindo frente ao pai Pedro Bernardone, à mãe Pica Bourlemont e ao bispo de Assis dá uma guinada em sua vida, após a experiência do beijo ao leproso, onde vê Cristo no mais excluído dos excluídos da época e articula uma irmandade de seguidores para operar a inclusão social de todos. Decide manter o nome de Francisco, como o pai o chamava pela sua paixão pelo esplendor Francês da época, mas com o sentido de viver a fraternidade universal em contradição com a vida lucrativa de burguês comerciante sonhada pelo seu pai.
No seguimento da tradição franciscana, trago as reflexões de Guilherme de Ockham (1285-1347), que cerca de cem anos após o Mestre Chico, chegou a considerar heréticos os pensamentos do Papa João XXII. Vejam só: rejeitou a doutrina do papa que considerava a existência da propriedade como de origem divina e, sendo assim, defendia a exclusão do direito de usufruir dos bens terrenos quem não possuía sua propriedade, pois ninguém pode consumir justamente o que não possui. Guilherme afirma a existência da propriedade por convenção e lei humana com o intuito de controlar a cobiça e a desavença. Direito de Propriedade e a Constituição da Autoridade para governar derivam , para Ockham da necessidade para garantir o bem comum. Quando não garantem, devem ser substituídos. Quem os legitima é a aprovação de toda a comunidade sobre os quais estende sua soberania. A propriedade e o poder são legítimos quando queridos pelo povo.
Em seu pensamento político, criou conceitos contraditórios, como “regularmente” / “ocasionalmente”.   Guilherme não acredita que qualquer constituição ou outra legislação possa dar conta de toda a situação possível; os indivíduos têm de estar preparados para improvisar meios para lidar com ocasiões imprevistas. Quanto ao governo político, Ockham sustenta que o poder deriva do povo, e não da Igreja; o imperador e os outros governantes não precisam de ver a sua eleição confirmada pelo papa, nem podem ser depostos pelo papa (exceto que, ocasionalmente, um papa, ou qualquer outra pessoa, atuando pelo povo, pode depor um governante injusto ou sem préstimo).
Os governantes têm de respeitar os direitos dos seus súbditos, como o direito à propriedade, apesar de, pelo bem geral, se poder anular um direito. Quando à governo da Igreja, apesar de reconhecer que o papa tem o “poder inteiro” num certo sentido, rejeita a doutrina de que um papa pode fazer tudo o que não for imoral nem proibido por Deus; os papas têm de respeitar os direitos, incluindo os direitos dos descrentes, sob a lei humana. (Ockham parece ter sido um dos primeiros a introduzir na filosofia e na teologia a noção de direito dos advogados.) “Regularmente”, o papa não pode ser julgado por quem que lhe seja inferior na igreja, mas “ocasionalmente” pode sê-lo, por exemplo, se for suspeito de heresia.
Ivo Fiorotti, Vereador, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas
Nº.34
OUSAR PELA BUSCA DO BEM COMUM!
Estou me convencendo que o principal resultado de minhas conversas com Aletéia tenha sido o de despertar-lhe o gosto de buscar novos conhecimentos, tanto no diálogo com os outros, na prática, como nos livros e na Internet. Confidenciou-me que aprendeu com seu filho a manusear buscas na Internet. Foi assim que me contou novidades do Mestre Aquinate para além do que lhe havia falado.
E tascou-me uma observação provocante: “Tem grandes elogios e reconhecimento pelo fato de Tomás de Aquino criar uma síntese filosófica cristã, mas tem muita crítica do uso de suas reflexões para legitimar o poderio da Igreja Católica no fim da Idade Média e início da Idade Moderna. Não teve outros pensadores que contestavam estas idéias consideradas tão perfeitas?” Foi então que me lembrei de Mestre Eckhart!
Eckhart e Tomás de Aquino viveram no século XIII. Foram alunos do mestre medieval Alexandre Magno. Os dois são frades Dominicanos, discípulos de São Domingos, e são considerados inspiradores de duas tradições complementares da vida cristã: uma baseada na filosofia racional e outra na necessidade das inspirações místicas que trazem as novas certezas.  
Enquanto Tomás se dedicou à pesquisa, à formulação filosófica e ao ensino nas universidades, Eckhart assumiu responsabilidades práticas de fundar e dirigir conventos, do acompanhamento espiritual de religiosos e da condução dos negócios com os senhores feudais. Simplificando: Eckhart, em suas pregações e escritos, viveu tentando dar respostas aos desafios cotidianos do dia a dia, das pessoas e da relação da ordem dominicana com as demais instituições medievais; Tomás de Aquino procurou dar repostas científicas e filosóficas da presença da religião cristão-católica na civilização medieval e, sobretudo moderna, que se iniciava.
Teve a felicidade de viver dezenove anos a mais que seu confrade e a infelicidade de em seus dois últimos anos de vida enfrentar um processo de inquisição, ou seja, da instituição católica considerar suas pregações como nocivas à fé cristã. Embora tenha se retratado, foi condenado após sua morte. No entanto, inspirou grandes pensadores místicos como Joana d’Arc, o filósofo cristão Hegel e o pensamento místico-cristão contemporâneo.
Falava do “desprendimento na experiência com Deus” como uma “vida de pura disponibilidade” em viver as virtudes cristãs.  Pregava o mistério de Deus como o mistério do amor, da justiça, da paz, da bem-querença e utilizava da linguagem cotidiana para que as pessoas compreendessem a fé cristã. Suas pregações que ganhavam a simpatia da população tornaram-se elemento de inveja entre os demais mestres e pregadores que levantaram acusações em nível de doutrina, para que a instituição lhe tirasse sua legitimidade. Em seu processo forjaram teses com frases soltas de seus escritos, pois interessava aos donos do poder de plantão que ele fosse eliminado.
Por isto, Aletéia, Mestre Eckhart em suas pregações e escritos foi daqueles que “ousou” ir além das verdades e das regras dominantes da sociedade medieval. Mexeu no que era mais sagrado, as verdades de fé da Igreja Católica, dizendo que a experiência de fé com Deus, em primeiro lugar, não era cumprir as pesadas doações e rituais que a igreja exigia. Também não se tratava somente de conhecer as virtudes oficiais cristãs. Tratava-se de viver a experiência do mistério de Deus no amor, na misericórdia, na solidariedade, enfim, no “desprendimento” que “disponibiliza” para o serviço aos outros. Não te parece, Aletéia, que esta é um pouco do itinerário de inspiração para as lideranças comunitárias e de representação política? É inegociável, pois não nos prende a nada, senão ao mistério de Deus! Nos deixa livres para tudo enfrentar, desenvolver, construir e viver!
Ivo Fiorotti, Vereador, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas
Nº.32
PARTICIPAR DA BUSCA DO BEM COMUM!
Evidente que minhas recordações agostinianas do livre-arbítrio como “opção para o bem” não ficaram apenas em meu pensamento: foram partilhadas com Aletéia! E ela me pergunta: “Amigo Ivo, me diga, eu noto que poucos se interessam em buscar melhorias nas vilas e bairros, mas todos se beneficiam e aceitam os resultados! Assim, não importa se poucos ou muitos participem desde que haja quem se preocupe com aquelas melhorias que beneficiam todos e não só alguns. O OP é uma novidade ou uma necessidade pra garantir melhorias para todos?”.
Pensei, pensei, pensei.... e a complexidade da resposta aumentava na medida em que temas de “organização política” de vários pensadores me inundavam a memória: Platão e Aristóteles, Tomás de Aquino e Mestre Eckhart, Thomas Hobbes e John Locke, Karl Marx e Hannah Arendt, dentre outros.  Organizei este sub-intinerário nestas reflexões, partindo do tema gerador: a organização social!
Iniciei por uma curiosidade e lhe disse que estes pensadores comparam a organização social humana com a das abelhas, das formigas e outras espécies animais. Falei-lhe dos métodos pedagógicos que visam estimular a convivência social, a divisão de tarefas e a força do trabalho coletivo, levando os alunos para observar como as “abelhas sem ferrão” vivem em suas colméias.
Nos olhos aguçados de Aletéia surgia o semblante acolhedor para uma profunda reflexão. Falei-lhe de Tomás de Aquino, sulista italiano de família nobre, com certeza o maior pensador medieval que viveu apenas 49 anos, no século XIII. Aluno brilhante de Santo Alberto Magno, pela sua dedicação em muito pesquisar e pouco falar, foi apelidado de “boi mudo”. Dizia o mestre Alberto: “Quando este boi mugir, o mundo inteiro ouvirá o seu mugido”. Este mugido continua sendo ouvido nas obras de filosofia e teologia: a “Suma Teológica”, a “Suma Contra os Gentios” e outros escritos e conselhos, como o de política: Do Reino ou Do Governo dos Príncipes ao Rei de Chipre.
Seu grande mérito foi realizar a primeira síntese do cristianismo com a visão aristotélica de mundo, permitindo bases filosóficas sólidas para a teologia e a superação da visão materialista da filosofia aristotélica. Provou ser possível pela razão admitir a existência de Deus, através da demonstração das “cinco vias”, ou cinco caminhos!
Seguindo Aristóteles, as formas de organização social são fruto da necessidade, mas diferente da das abelhas que com o passar dos milênios reproduzem sempre a mesma forma de vida social. A criação e a comunicação humana são dinâmicas e constroem novas formas que visam avançar na busca do bem comum de todos. Diz Tomás de Aquino: “Os homens livres, por serem racionais, podem agir de uma maneira ou doutra (...) abandonados à diversidade, a sua busca é amorfa e diferente. Para que haja o consórcio entre eles, importa haver um que direcione a vontade de todos a um mesmo fim, de forma ordenada” O governante que, para Tomás não importa se for um Príncipe ou Oligarca, é necessário para a garantia do bem comum. Enquanto para Aristóteles, o bem comum é garantido pelas escolhas iluminadas pelas virtudes humanas, como a da Justiça Social, pois o horizonte é a vida terrestre, para Tomás de Aquino em que o horizonte é a vida eterna, as virtudes humanas devem ser informadas pelas virtudes da fé cristã.
Assim, o OP, seguindo o pensamento de Aristóteles e Tomás de Aquino, inova na medida em que permite a participação dos cidadãos nas ações do governante na busca do bem comum. Todos os cidadãos elegem o governante! Alguns, de forma livre, prontificam-se a participar de sua governança, como no OP. Falaremos mais adiante das virtudes!
Ivo Fiorotti, Vereador, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas
Nº.30
O MAL COMO A AUSÊNCIA DO BEM!
Uma das maiores riquezas das pessoas é sua capacidade de interagir na convivência social cotidiana, de comunicar-se. E foi neste contexto de conversa vai, conversa vem, que Aletéia amadureceu um aprendizado e fez questão de expressá-lo numa de nossas conversas. Resumiu-o assim: “A maldade só próspera nas pessoas quando não estão trabalhando. Tem que ter trabalho para nossos jovens, pois enquanto estão ocupados não praticam maldades. E o mesmo acontece com quem não milita pra melhorar seu bairro, pois terá tempo para pensar e praticar maldades”.
Perguntei-lhe por que tanta preocupação com a maldade nas pessoas. Ela respondeu-me de pronto: “Não é com a maldade, mas com a pouca preocupação das pessoas de fazerem o certo. Com poucas pessoas empenhadas a fazerem o correto”. Foi me citando através de exemplos advindos de suas conversas com as pessoas: “tem gente que considera como grande realização pessoal ter logrado um amigo, ter traído sexualmente seu/sua companheiro/a, ter conquistado uma vantagem pelo caminho do compadrio e não ter preciso se empenhar na luta comunitária, ter sido atendido no SUS furando a fila por ter um padrinho na estrutura pública (...)”. E finalizou: “Estou convencida que é uma escolha da gente empenhar-se na militância pra melhorar nossa vida e o lugar onde moramos. O mal, a injustiça e a pobreza só acontecem onde não tem o empenho de pessoas em fazer o bem e o justo. Só com fé em Deus se faz o bem e se espanta o mal”.
Enquanto ela falava me recordava de Santo Agostinho, em especial das leituras de sua autobiografia “Confissões” e da obra política “A Cidade de Deus”. Para este convertido ao cristianismo do século IV d.C, que se tornou o principal expoente da Filosofia Cristã e um dos expoentes “Pais da Igreja Cristã”, o mal é nada mais do que a ausência do bem. A criação de Deus é boa. Deus concedeu às pessoas o livre-arbítrio, ou seja, a capacidade de escolha. As pessoas podem optar livremente para uma vida regrada na construção do bem e da justiça ou se perderem nas paixões humanas que conduzem à perdição.
No livro a “Cidade de Deus”, trata dos complexos assuntos que sempre apaixonaram e torturaram o espírito das pessoas, dentre outros: da origem do bem e do mal, do pecado, da lei e das penas, do conhecer e do agir do homem, de Deus, da natureza e do espírito, da pessoa, da cidade e da comunidade humana!
Evidente que neste modo de compreender a vida e o mundo existe um dualismo de um Deus e uma criação perfeita e uma humanidade e uma sociedade imperfeita que deve buscar a perfeição. É a influência do pensamento platônico que tem um aspecto positivo, o da busca da virtude do bem, do belo, do justo. A novidade agostiniana é a concepção humana de escolha, de opção, de busca, como diz Aletéia, de empenhar-se na militância cidadã como virtude para que a ausência de infraestruturas nas vilas não continue prevalecendo. Assim como Agostinho se converteu a uma vida virtuosa, fruto de uma escolha pessoal, assim Aletéia converteu-se à militância social e cidadã fruto de uma opção cidadã. Superam-se as vantagens pessoais meramente baseadas em paixões humanas que desconstroem relações de amizade e de famílias, ou vínculos comunitários e sociais. As escolhas cidadãs fortalecem as relações e vínculos sociais, pois onde o bem é construído com ações concretas, o mal não prospera com tanta facilidade!
Ivo Fiorotti, Vereador, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas
Nº.27
LIVRES E AMOROSOS EM JESUS CRISTO
Aletéia - Conselheira do Orçamento Participativo/OP – tem-se dedicado com convicção na mobilizado das pessoas na conquista de serviços e equipamentos públicos. O aumento significativo de cidadãos nas assembléias do OP é fruto de sua atuação e, a seu exemplo, tantos outros assumiram com convicção esta causa.
Perguntei-lhe como se sentia e avaliava esta vitalidade cidadã e democrática em nossa cidade. De pronto, disse-me: “Seu Ivo, vejo e sinto que as pessoas estão descobrindo a VERDADE!” Retruco-lhe: “como descobrindo a verdade?” Enfática, diz-me: “As pessoas estão vendo acontecer o que é necessário para nossas vilas; a escola, o asfalto, a regularização fundiária. Os recursos públicos não servem para privilegiar alguns poucos mais amigos, mais instruídos, mais espertos, mais ricos! É a grande Verdade de Jesus acontecendo: a partilha do uniforme escolar; o doente recebendo remédio e cura; o morador da vila de ocupação recebendo asfalto e escritura; um bairro de irmãos se construindo, apontando para uma nova cidade de inclusão de todos!”
Fiquei meditando sobre a raiz das convicções cristãs de Aletéia e a riqueza política de Jesus Cristo, no contexto da Palestina. Jesus, o herdeiro de um povo que por mais de século fizera uma aliança com um Deus Único, diferente de todos os povos que criam em divindades politeístas. A conquistada saída do povo hebreu da escravidão egípcia e a retomada da terra prometida da Palestina, marca um diferencial de organização política deste povo: (1) crer num Deus Único Libertador, (2) na construção de um povo onde todos podem ser incluídos, (3) baseados numa única ética da liberdade e da vida em abundância. Habitando como tribos, constituindo-se como reinado, submetidos pelos Persas, exilados na babilônia e vivendo na submissão política do Império Romano, mantiveram esta mesma tríade reafirmada no pensamento e na vida de Jesus Cristo e nas comunidades neotestamentários animadas pelos apóstolos Pedro, João e Tiago e os missionários como Paulo e Lídia.
Jesus organiza um grupo de seguidores, anunciando um novo tempo pela inclusão social dos deserdados (pobres, prostitutas, doentes, maltrapilhos...) e o convite à conversão de todos a partir da regra do “amor ao próximo como a si mesmo, como expressão do amor à Deus”. O maior é o que serve, e pelo serviço aos outros se estabelece a autoridade do que detém o poder político. Subverte, portanto, a autoridade baseada na posse dos bens materiais ou do status social, institucional, religioso ou qualquer outro. É a radicalidade da irmanação social, no amor ao outro como amor de Deus, pois Deus está a partir de Jesus, encarnado na criação e, seu ápice, a vida humana: o outro como o/a pobre, o/a discriminado/a, o/a necessitado/a. É um processo de inclusão a partir dos últimos, os que garantem a salvação no julgamento final, pois fazendo isto a qualquer dos mais pequeninos estar-se-á fazendo a Deus.
Paulo afirma que “não há nem judeu e nem grego, nem livre e nem escravo, nem homem e nem mulher” (Gálatas 3,26-28), superando as três maiores divisões sociais do século I: preconceito nacional, a dominação social e econômica e a submissão da mulher. Jesus irmana a todos!
Não há culpa inata, não há passado irremediável, não haverá fatalidade. Quando ocorre a verdade política: quando a ação pessoal e social faz homens/mulheres livres e amorosos!
Ivo Fiorotti, Vereador, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas
Nº.25
O PENSAMENTO MEDIEVAL
Nesta edição, inicio as reflexões á luz de pensadores medievais. Estes, na história da humanidade, tentaram juntar reflexões dos clássicos - fundamentalmente os gregos - com o grande despertar religioso do cristianismo.
Entre o período grego e medieval, tivemos a exuberância do grande Império Romano que não produziu nenhuma nova grande corrente inspiradora do pensamento humano. A Cultura Romana foi uma síntese de contribuições de três grandes civilizações: dos etruscos, recolheram os fundamentos da vida urbana, com suas crenças e hierarquia; dos orientais, buscaram o gosto pela monumentalidade, o conforto, o luxo e o misticismo; dos gregos herdaram os modelos artísticos, literários, religiosos e filosóficos.
Não resta dúvida que devo dedicar uma coluna ao cidadão de Belém de Judá (ou de Nazaré), Jesus, filho de Maria e José, o conhecido “Jesus Cristo”, a partir de uma visão social decorrente dos textos evangélicos de Mateus, Lucas, Marcos e João e dos demais textos “neotestamentários”, em particular de Paulo de Tarso.
Esta mensagem cristã torna-se uma religião, com doutrina e ritos que, de perseguida passa a ser a religião oficial romana, em 313 d.C, com o Imperador Constantino. Surgem pensadores que tentam dar consistência juntando o pensamento racional com as verdades da fé.  São os grandes pensadores do período medieval, realizando o encontro do pensamento dos clássicos gregos com a reflexão cristã.
Os chamados “Pais da Igreja” produziram o pensamento da conhecida “patrística”, um ensaio de reconciliar a fé com a razão, porém esta última sempre submetida á primeira. Destes, escolho as reflexões de Agostinho de Hipona, o grande filósofo Santo Agostinho que bebe na vertente do pensamento grego, particularmente de Platão e na mensagem cristã, particularmente de Paulo de Tarso para desenvolver uma primeira grande síntese da filosofia ocidental medieval.
O chamado período da Filosofia Escolástica, ensinada nas escolas, em que se avança a relação entre fé e razão para uma razoável autonomia de ambas, é o auge do pensamento medieval. Duas grandes vertentes: uma mantendo a tradição do pensamento “neo-platônico” representada pelos pensadores Franciscanos (seguidores de São Francisco de Assis) e outra resgatando o pensamento “neo-aristotélico”, com os pensadores Dominicanos (seguidores de São Domingos de Gusmão).
Na tradição dominicana vamos dialogar com temas sistematizados por Santo Tomás de Aquino e por Mestre Eckhart. Na tradição franciscana, além de recuperarmos os grandes ensinamentos do “Mestre Chico”, dialogaremos com as reflexões de Guilherme de Ockham.
Não vou interagir com visões modernas e contemporâneas que tendem a desprezar os grandes temas da filosofia medieval. Prefiro, assim como realizei com os clássicos gregos, resgatar algo das grandes contribuições que ainda hoje persistem e dialogam com as questões de fundo de nossa sociedade e na vida dos cidadãos. Evidente que a dimensão do sentido da vida para além da racionalidade, vale dizer, as grandes questões da fé têm uma primazia na vertente do pensamento judaico-cristão que emergiu com força na idade média. Tenho a certeza que minha amiga Aletéia irá desafiar-me e receberá com sua inegável sabedoria grandes contribuições destes pensadores medievais.
Ivo Fiorotti, Vereador, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas
Nº.23
ALETÉIA E AS CONQUISTAS CIDADÃS
No Fórum de Delgados do Orçamento Participativo - OP, Aletéia elegeu-se Conselheira. Dei-lhe os parabéns e percebi na sua alegria um olhar um pouco inconformado. Compreendi que era preciso tirar um tempo para dialogar.
Relatou-me que no processo de eleição, noventa e cinco por cento do tempo foram ocupados na discussão de critérios para o perfil do Conselheiro. Detalhou-me que ajudou a derrotar três critérios preconceituosos: exclusividade masculina; escolaridade mínima em nível de segundo grau; e, fazer parte de organização social formal.
Consumimos umas 200 idas e vindas pela praça, bem ao estilo peripatético de Aristóteles e seus discípulos no Liceu Ateniense, ouvindo-a e recordando reflexões consolidadas há 25 séculos nas obras “Ética” e “Política” de Aristóteles. O gancho também veio pela pergunta de onde o prefeito Jairo Jorge tirou este nome de “Ágora Vitual”(Ágora era a praça grega onde os cidadãos debatiam e decidiam os rumos de suas cidades).
Tranqüilizei Aletéia de que estes e outros temas preconceituosos podem, na atualidade, serem desmascarados e superados, o que na democracia grega eram limitações reais. Falei-lhe das reflexões de Aristóteles, conclusões de análises metódicas a partir de 158 constituições de estados-cidades e algumas confederações gregas. Este pensador definiu o ser humano como “animal cívico, mais social do que as abelhas e os outros animais que vivem juntos. A natureza, que nada faz em vão, concedeu apenas a ele o dom da palavra”, para manifestar “o conhecimento desenvolvido, pelo menos o sentimento obscuro do bem e do mal, do útil e do nocivo, do justo e do injusto”.  Disse mais: “ninguém pode bastar-se a si mesmo. Aquele que não precisa dos outros homens, ou não pode resolver-se a ficar com eles, ou é um deus, ou um bruto”. Na ordem natural “o macho está acima da fêmea”, pois “quanto ao sexo, a diferença é indelével: qualquer que seja a idade da mulher, o homem deve conservar sua superioridade”.
Reconheceu a Democracia (governo dos cidadãos) superior à Monarquia (governo de um) e à Aristocracia (governo de poucos). Porém, as mulheres, as crianças, os anciãos e os escravos (povos conquistados) não participavam como cidadãos em nenhuma. Cidadão podia ser apenas o homem (varão) adulto. Em algumas cidades, só se aceitava o cidadão (varão) de nascença e em outras podia ser adquirida com bens materiais.
Aletéia lembrou de ter assistido um filme onde Aristóteles aparece como educador de Alexandre, o qual ampliou o império grego para o Oriente e mandava para o mestre muitos materiais que embasaram pesquisas científicas que tornaram-se base importante  da cultura ocidental.
Fiquei feliz quando Aletéia considerou a participação cidadã no OP superior à da democracia grega das Ágoras, pela inclusão das mulheres, das pessoas com pouca instrução e de não considerar a origem social ou pertencimento a determinadas instituições sociais ou econômicas como critério de acesso. Concordou, no entanto, com Aristóteles de que as virtudes da prudência, da justiça e da equidade são fundamentais para o exercício dos encargos públicos, inclusive dos Conselheiros do Orçamento Participativo.
Ivo Fiorotti, Vereador, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas
Nº.21
A CIDANIA NA DEMOCRACIA
Quem pode participar do 1º Congresso da Cidade de Canoas teve uma experiência extraordinária de cidadania e democracia. Aletéia, na cerimônia de encerramento do evento, falava-me emocionada: “Ivo, já me sentia realizada com o Orçamento Participativo, mas como fiquei encantada com o que aprendi e com as novas perguntas que anotei - mostrando várias folhas de anotações - com este Congresso. E com a oportunidade de dialogar sobre novos assuntos com outras pessoas da cidade. E este estudo do Estado da Cidade, quanta coisa nova!”. E continuou fazendo observações por quase meia hora, enquanto assistíamos a um belo show da trupe circense Troll, da nossa cidade gaúcha de Pelotas.
Não sei por que, mas enquanto ouvia seu relato inovador em cidadania republicana eu me recordei do ateniense Platão, tanto pela sua trajetória de vida como pela sua reflexão dialógica sobre a vida dos políticos e suas virtudes e limites, que sobrevive por mais de vinte e cinco séculos e ainda nos instigam hoje, como a justiça. E não pude me furtar de dialogar com Aletéia, á luz deste pensador!
Platão tinha a mesma idade de Aletéia, cerca de trinta anos, quando seu mestre Sócrates foi julgado a tomar cicuta pela Assembléia dos cidadãos de Atenas. Passou uma década viajando pelo sul da Itália, norte da África e pelas principais cidades democráticas da Grécia, até fundar sua Academia em Atenas. Esta teve sempre grande presença de alunos no exercício da maiêutica Platônica, tendo fartos diálogos consolidados em obras que nos chegam atém hoje, como a Apologia de Sócrates, o Fedro, o Banquete, Teeteto, além de, A República.  Por duas oportunidades a academia teve que ser chefiada por outros pensadores, com as fugas à Siracusa do Mestre, em decorrência de perseguições políticas. Após a morte de Platão, já octogenário, a Academia de Platão disputava com a Escola de Isócrates a preferência na formação intelectual dos jovens de toda a Grécia nas mais variadas ciências.
A República é uma grande reflexão sobre as formas de governo, elogiando a democracia. O tema central é a questão da justiça na democracia. Ainda bastante atual, no capítulo final, Platão pela boca de Sócrates chega à conclusão que o pior mal da não justiça de um governante é a corrupção. Aliás, muito recorrente e um dos principais males dos gestores nas democracias pelo Brasil e pelo mundo afora.
Aletéia ficou “encucada” quando lhe falei que Platão considerava que os gestores da democracia deveriam ser filósofos provados pelas virtudes da justiça, do belo e da bondade. Bem como, a necessidade vital da maioria dos homens atenienses tornarem-se valorosos soldados. Falei-lhe de várias máximas dos diálogos platônicos, riu com algumas delas, mas confidenciou-me a que mais lhe tocou: “Quem comete uma injustiça é sempre mais infeliz que o injustiçado”!
Ivo Fiorotti, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas.
Nº.19
A PERMANENTE CONSTRUÇÃO CIDADÃ
É comum nestas andanças de vereador as pessoas me confidenciarem que o povo mathiense não sabe ser cidadão. Quase sempre se referem à maioria, que não participa de atividades que visam à qualificação de espaços e equipamentos públicos, quer seja através do Orçamento Participativo ou de iniciativas comunitárias das organizações sociais. Alguns chegam a me descrever minimamente as características mínimas de um cidadão. Outros entendem que somente pode ser considerado cidadão aquele que fizer mais ou menos o que ele faz, em termos de participação social.
Dentre os primeiros, os dos requisitos mínimos, Aletéia tem se posicionado! Senti-me desafiado a exercer um pouco do método socrático, esta pérola lapidada que a humanidade herdou de Sócrates. Filósofo grego, da cidade de Atenas, contemporâneo de Heráclito e de Parmênides, Sócrates também viveu no século V a.C. Sabe-se que dialogava com todos e considerava sua atividade um serviço gratuito, sem fundar uma escola.
Em seus diálogos gratuitos, através de questionamentos irônicos, levava os interlocutores à contradição e á conclusão dos limites de suas certezas. Ao mesmo tempo, induzia o interlocutor por seu próprio raciocínio, chegar à solução de sua dúvida. Esta indução á busca do próprio conhecimento é conhecida como maiêutica, o esforço pessoal de parir as próprias idéias.
Menos de meia hora de perguntas irônicas sobre os requisitos mínimos de cidadania foram suficientes pra Aletéia chegar ao ápice do cinismo. Uma luz ficou em uma de suas conclusões: “Seu Ivo, tô chegando à conclusão que as pessoas não participam porque ainda não descobriram este valor”. Dizia Sócrates: “Não penses mal dos que procedem mal; pense somente que estão equivocados”, ou ainda, “O homem faz o mal, porque não sabe o que é o bem!”.
A cidadania é uma construção permanente de pessoas que em contínuo processo de questionamento das mais variadas certezas, encontram pessoal e coletivamente novas soluções. Sócrates dialogava com todos mas atraiu particularmente a juventude. Foi acusado pelos “senhores dirigentes” do modelo democrático elitizado de corromper a juventude, com sua ironia e maiêutica. Foi julgado e condenado a tomar veneno, a “cicuta”. Não voltou atrás em sua convicção de homem livre e consciente que preferiu a morte. Seu método foi reconhecido por muitos filósofos ao longo da história e continua atual como processo de tomada de consciência e firmeza de virtude. Aletéia, com certeza, “se conhece a si mesma”!
Ivo Fiorotti, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas.
Nº.17
O DESPERTAR DO PENSAMENTO SOCIAL
(segunda parte)
Aletéia ficou “encucada” com o que lhe havia falado da busca do entendimento e da verdade. Intimou-me no final de uma reunião do OP com duas afirmações: (1) “Esta história de fazer valer o interesse público sobre o interesse particular, até que já estou ficando craque. É pelo convencimento do argumento e pela sedução do diálogo que se toma decisão por maioria e passa a valer para todos;” (2) “Mas que verdade é esta que as vezes dura pouco.  Muitas regras que foram decididas pela maioria em uma reunião de delegados do OP são rediscutidas em outra reunião e acabam sendo mudadas”. E por mais de hora foi me falando de que se perde muito tempo em discutir regras e leis pra durarem pouco tempo, que mudam os problemas, mudam as necessidades das pessoas, muda o entendimento das pessoas, muda isto, muda aquilo e fica confusa de as regras tem que mudar mesmo a toda hora ou deveria ser estáveis, ter vida social e política mais longa. E tacou-me mais uma pergunta: “Este sentimento de mudança nas regras é coisa moderna ou já estava presente no pensamento dos antigos?”
Senti-me na obrigação de falar-lhe das reflexões mais antigas que temos conhecimento, as da escola filosófica “Jônica”, as quais afirmavam a verdade em permanente mudança. Nas palavras de seu mais ilustre pensador, Heráclito de Éfeso, a realidade é um constante “fluir’, a verdade está no “devir” das coisas e que “nada existe de permanente a não ser a mudança”.
Vivendo mais ou menos no mesmo tempo que Parmênides, do outro lado da civilização grega, no oriente, hoje atual Turquia. Recebendo, com certeza a influência do pensar das civilizações milenares do oriente, que valorizam o movimento e a mudança. Filho de nobres aristocratas deixou para o irmão a tarefa de governar a cidade. Optou por uma vida simples junto ao campo e chegou a convencer um amigo que era governante de uma cidade a abandonar o poder para segui-lo em seu modo de vida. Passou a vida questionando a certeza das regras da democracia grega, convencido que a verdade de uma lei tinha validade para o momento e que no outro dia já estava superada. Dizia: “Não se cruza o mesmo rio duas vezes, porque outras são as águas que correm nele”; ”Nos mesmos rios entramos e não entramos, somos e não somos”. Ou seja, na segunda vez a água e nós já não somos os mesmos. Por isto a verdade, o que ele chamava de “logos”, que aqui se pode compreender como o entendimento de determinado momento de um grupo numa discussão, deve ser uma busca constante, porque a vida está em constante mudança. Ele usava a imagem do logos como o fogo que pela sua ação se destrói e consome, também ilumina e aquece. Dizia mais: “a oposição produz a concórdia; da discórdia surge a mais ela harmonia”. Enfim, demonstrei-lhe que a mudança é um tema das antigas cidades gregas na construção de regras e leis mutáveis.
Ivo Fiorotti, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas.
Nº.15
O DESPERTAR DO PENSAMENTO SOCIAL
Aletéia, no ano passado, tomou a decisão de ser delegada no processo do Orçamento Participativo. Dia destes, percebi-a angustiada e cutuquei-lhe uma pergunta: preocupada com o quê, cidadã mathiense?
Ela ficou matutando e retrucou-me: “não é fácil as pessoas chegarem a entendimentos comuns! Até nas reuniões de delegados, parece-me que a mesma idéia, as pessoas entendem de maneira diferente. Depois de muita conversa, até que se chega a um mesmo entendimento”. Pedi-lhe um exemplo. Ela me falou do conceito de prioridade pública. Disse-me que alguns entendiam ser aquilo que resolvia o problema particular; outros entendiam que deveria resolver problemas da maior parte da vila. Para alguns era iniciar a asfaltar em frente a sua casa; para outros era iniciar o asfalto pelas ruas mais movimentadas, pelas ruas onde havia serviços públicos (escola, posto de saúde, horta comunitária, creche). Só que ninguém defende abertamente seu interesse particular e, de forma falsa, o encoberta com algum argumento coletivo. Mas, na discussão aparece a verdade e a falsidade. E tascou-me uma última pergunta: “quando iniciou esta história da verdade e de encobrir a verdade com a falsidade?”.
Falei-lhe então de Parmênides, pensador e líder político, o qual iniciou uma das primeiras escolas de iniciação filosófica, na cidade de Eléia, no sul da atual Itália, há mais de 2.500 anos. Na época, Eléia era uma colônia do Império Grego no ocidente. Ele nos deixou um Poema com 160 versos, onde fala da busca da verdade,  pela exercício da razão em oposição ao que é opinião e não traz toda a verdade. É o mais antigo relato histórico do esforço humana da busca da verdade, pois até então, a verdade era sempre dada a partir de mitos que expressavam a vontade dos deuses. Evidente que as mitologias são construções históricas, mas uma vez aceitas, tornam-se pura aceitação e repetição. Porém, com esta iniciativa que está simbolizada neste pensador, as pessoas começaram a construir suas regras da cidade a partir do esforço da razão humana. Partindo da observação empírica dos fatos, das comparações e do debate entre os cidadãos, chegava-se a formular verdades que convenciam o conjunto dos cidadãos pelo entendimento da razão de que deveriam ser observadas. Agora, não mais impostas pela força da família com o exército mais forte. Tornou-se legislador prestigiado, pois liderou um consenso social em Eléia que durou mais de uma década, onde os cidadãos livres construíram regras e decisões coletivas numa cidade plural em tradições, costumes e adoração a deuses diferentes. È considerado o pai da filosofia ocidental.
Ivo Fiorotti, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas.
Nº.13
E A VERDADE: ALETÉIA

Desde muito tempo, minha amiga Aletéia ao se encontrar comigo, contava-me várias versões sobre um fato e me perguntava: o que disto tudo, “seu Ivo’, é a verdade mesmo! De início, tranqüilizava-a com a versão mais próxima daquilo que julgava ser a verdade. Com o passar do tempo, dependendo do fato, passei a exercitar uma das técnicas da busca da verdade de algum filósofo que passou a influenciar a minha busca do conhecimento. Faz um bom tempo que Aletéia já não me trata mais de “seu Ivo”, mas de “Ivo” e emite sua certeza frente às várias versões que surgem sobre os fatos e acontecimentos sociais. Nossa conversa passou a ser um bom diálogo da busca conjunta da verdade sobre os eventos sociais. Às vezes com versões iguais e diálogos tranqüilos; às vezes conflituosas visões que tomam rumos críticos e ásperos. A renhida discussão nos faz mudar a compreensão dos fatos para um denominador comum: uma nova visão da verdade! Tanto eu como Aletéia saímos destes momentos sempre mais enriquecidos e gratos um ao outro! 
Ocorre que ultimamente aumentaram as “Aletéias” a me indagarem com esta pergunta: qual a verdade mesmo de tudo o que acontece. Sendo assim, resolvi utilizar desta coluna para trazer às aletéias passadas, presentes e futuras, ou seja, a todos que tiverem o prazer de acompanhar esta coluna, umas brevíssimas reflexões de como os mais importantes pensadores da humanidade compreenderam a verdade dos eventos sociais, ou seja, a busca e o encontro da verdade! 
Utilizarei um método para isto, tanto na forma como no conteúdo: (a) na forma, vou dividir os diferentes pensadores em quatro categorias: mundo antigo, medieval, moderno e contemporâneo. Em cada etapa, haverá uma introdução e na seqüência, segundo meu conhecimento, a apresentação dos cinco principais pensadores em cada período. Evidente que para não cansar os leitores, utilizarei apenas da coluna da primeira edição de cada mês. Neste primeiro mês, farei a introdução dos pensadores antigos, na próxima edição. Antecipo quais serão: Parmênides de Eléia (antiga Itália), Heráclito de Éfeso (antiga Turquia), Sócrates, Platão e Aristóteles de Atenas (antiga Grécia); (b) no conteúdo, buscarei apresentar o cerne, o enfoque central na busca da verdade dos fatos, de cada pensador. Ou seja, como este referido filósofo entendia a certeza que podemos ter da verdade dos fatos e dos acontecimentos. Vou exemplificar com um fato político do momento em que estarei escrevendo a coluna, para tornar mais atraente e compreensível a reflexão do pensador. Espero que gostem, aproveitem e lhes seja proveitoso. 
Ivo Fiorotti, teólogo e pós-graduado em Ciências Políticas.

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